martedì 9 ottobre 2012

A.C.I.M.A entrevista a escritora Karina Martinelli, residente na Irlanda.

 

 





A “A.C.I.M.A.” – Associação Cultural Internacional Mandala, sediada na Itàlia, desde 2011está realizando o mapeamento dos artistas brasileiros residentes no exterior. Este projeto “Vitrine do Artista Brasileiro no Exterior” abraça a arte e a cultura dos povos migrantes em todas as suas formas e manifestaçõessejam elas, musicais, literárias, teatrais, artes plásticas, cinema, dança, fotografia, folclore, enfim, todas as expressões artísticas brasileiras.








A.C.I.M.A. – Bem vinda Karina, gostaríamos de saber um pouco sobre você: Sua terra natal? Onde vive atualmente e o motivo que lhe impulsionou a viver fora do Brasil?


Karina Martinelli – Sou de Jundiaí, interior de São Paulo. Não tão interior pela distância, mas talvez pelos habitantes. São muitas diferenças em pouca cidade! Mas boas, considero mais simplista. Chamo com carinho de “terrinha”. Foi na terrinha que meus heróis nasceram. E foi na terrinha que eu nasci, cresci e sobrevivi. Essa terrinha abriga a maioria das batalhas que vivi. Foram guerras diferentes, mas todas causadas pelos meus vícios (trabalho, amigos, desconhecidos) nos quais eu me esquecia de mim! O resultado foi o desequilíbrio de serotonina ou o hipotálamo que produziu o hormônio errado... Como funciona de fato, é explicado por inúmeras teorias, mas todas com o mesmo nome: depressão; que é mãe de outras doenças, como o linfoma.
Em 2010 resolvi que precisava mudar de palco (e de batalhas). Foram tantos “começar de novo”, que precisava de outro novo. Pessoas vão ao spa para fugir do peso ou do estresse, outros para clinicas de desintoxicação para parar com drogas legais ou não... Eu vim para a Irlanda! E encontrei outra terrinha. Tão verde quanto a minha!

A.C.I.M.A. – Como foi sua adaptação e quais as maiores dificuldades que encontrou no exterior? Maiores alegrias? Contou com o apoio de alguma organização que auxilia os imigrantes brasileiros?

Karina Martinelli – Dublin é casa, em vários sentidos. As diferenças gritantes são caladas pelo comportamento das pessoas - bem, no passado já que a crise mudou um pouco a população.
Os irlandeses são muito brasileiros: receptivos, hospitaleiros, solícitos. Eles me ajudaram muito. Não precisei recorrer a organizações de auxilio a brasileiros. Na verdade em nenhum momento cogitei essa possibilidade. Mas acompanhei vários casos. O histórico do consulado e das comunidades por aqui é muito bom. Tudo se resolve, e de forma rápida. Claro que com aqueles de intenções sólidas.
Dificuldade mesmo, só para controlar a saudade. E aceitar o que está fora do controle. O luto a distância foi um dos maiores aprendizados, do choque ao vazio; saber que “alguns” não estarão mais me esperando na tão querida terrinha! Mas o resultado foi ótimo, divergiu minhas prioridades, me desapeguei dos últimos (momentos) e hoje valorizo os penúltimos.
É o meu sobreviver, longe do meu porto tão seguro chamado família. Decidir pelo ignorar, tolerar ou aceitar. Viver o pensamento “light” (que faz bem) e se desvincilhar do “heavy” (que nos deixa defensivos ou incomodados). Seguir meu código de conduta. O sobrevivente tem um compromisso integral com ele mesmo, é um dever exercitar a vida. Caso contrário é que nem pássaro de casa, ganha a liberdade, mas volta sempre para gaiola. Não sai nunca da caverna de Platão. 
São exercícios diários de humanidade, princípios, escolhas e mudança de pontos de vista. Então todos os meus dias por aqui são cheios de alegria. É o rir da chuva, comemorar o aparecimento do Sol, o milagre de vinte e três graus num verão feito de inverno; celebrar novos amigos, reconhecer comportamentos, renovar atitudes! Viver os meus clichês! Todo dia sim, é um novo dia! Aqui reivindico todos os meus direitos de eu ser eu mesma! A gente tem uma fácil adaptação quando podemos ser nos mesmos! 



A.C.I.M.A. – Como e quando se dá o seu primeiro contato com a escrita? Sobre qual tema você escreve? De onde vem as inspirações para suas obras literárias?

Karina Martinelli – O quando é difícil de saber, mesmo porque desabafar escrevendo sempre foi parte integral da minha cabeça deslocada! Em algum momento esses desabafos se transformaram em palavras cheias de certezas. E sem controle foram compartilhadas.
Nunca pensei em um tema ou temas, só pensamentos escritos mesmo. As vezes vejo como contos da vida irreal tão real! Já me explico! Eu vivo um musical. Desde sempre. São pessoas cantando e dançando pelas ruas, mercados, cafés... Histórias e estórias que metralham esses pensamentos! A inspiração vem de quem eu conheço e de quem eu não conheço. Lugares, sinais, vento... Tudo é motivo! Tudo faz sentido nesse musical. Tudo participa desse musical! E para dar espaço a novos personagens e cenários, é necessário expressar no papel o que precisa ficar no passado (sim, adoro o papel e a caneta, máquina de escrever então...)! Mas só aquilo que me ajuda no presente! O resto passa mesmo!
O compartilhar com conhecidos deu um pulo! Sem querer tornou-se um compartilhar com desconhecidos. De uma hora para outra nasceu uma autobiografia! Parece até egoísta “autobiografia”, mas a intenção foi de “consciência geral biografia”; alertar meus queridos conhecidos e desconhecidos sobre viver com uma doença e a vencer outra. Evitar que uma doença se transforme em outra! E principalmente a não se matar e a não se permitir ser morto.
Infelizmente, parte das pessoas temem tanto a perda que acabam se declarando derrotados. Como resultado esquecem que é a batalha que conta e não vencer a guerra. Ficar de luto por nós mesmos nos deixa mais doentes. Como o estar doente na sociedade, também nos deixa mais doentes. São olhares e expressões que precisamos ignorar. Outros exercícios diários, de percepção e relevância. E mais um mar de clichês. Acordar e dormir passando mal. Só que acordar e dormir sabendo que amanhã vai ser diferente. Mesmo que não seja!


E foi na terrinha que nasceu o “Não Era Primeiro de Abril” que é o “Diário de uma ex-paciente”, que será para sempre paciente! Tão dualista como a autora...

A.C.I.M.A. – Qual foi a pessoa que primeiramente acreditou em seu talento? E qual outra linguagem da Arte tem o seu interesse?

Karina Martinelli – Descobri talentos em várias expressões de artes: arte da luta, arte da superação, arte da paciência, arte de contrariar, arte de priorizar, arte de desvincilhar; e a arte do COMO. Nada de “se”, só cheia de ser! E ser família. Irmã e filha! O acreditar deles, vai além. São cinco forças sem tamanho! Além de exemplos, são razões para sobreviver. Digo e repito, sou grata pelos meus pais me colocarem no mundo, mas sou muito mais grata por eles não me permitirem sair dele. Pilar, fundação e estrutura, artistas do prático e do teórico. Quando fui obrigada ao confinamento, foram os equilibristas do bom humor, mímicos do bem estar, mágicos da esperança. Atores em diferentes palcos: hospital, clinica e casa. Um ano de apresentações onde o linfoma foi personagem principal. E meus cinco elementos nunca deixaram de acreditar, desde que me conheço por gente, sempre incentivaram e alimentaram meus sonhos. Apresentaram-me a música, a literatura, ao cinema. Da primeira vez que fui a um museu ou até Tupã, sempre foram eles que me encheram de informações. Influenciaram meus gostos e comportamento. Acreditaram antes mesmo de eu acreditar. 



A.C.I.M.A. Como você divulga o seu trabalho? O que você acha que seria prioritário fazer para divulgar o trabalho dos artistas brasileiros que vivem no exterior?

Karina Martinelli – Esse mapeamento da A.C.I.M.A. já é um passo gigante! Pelo espaço cedido, para o conhecimento de pessoas talentosas, por registrar o trabalho de pessoas incríveis. Nem é necessário citar nomes, talvez os cantos. Canto de Cazuza.
Apresentar e nos apresentar. Eu torço para que esse mapeamento seja movimentado, e que gerem novos frutos, sites! Eu toparia iniciar um por aqui, caçando nossos artistas. A começar pelos músicos e compositores que vieram parar nessa Dublin! São também fotógrafos, artistas plásticos, atores.
Comunidades brasileiras são fortes aqui e responsáveis por muitos eventos; acredito numa integração com novas propostas de expressões artísticas. Só mais uns passos. Bora?
Divulgar e integrar.
O meu trabalho entrou em processo de divulgação recentemente e “interneticamente”. Antes foi uma obra do acaso ou destino, não vou saber nunca, por isso acredito nos dois! Longa história, curta versão: confinamento, não podia conviver com pessoas, encontrei no blog uma maneira de informar meus amigos que estavam tão longe, mas gostariam de estar perto. Só que era fechado, mesmo porque não queria repercussão quanto ao estar doente, pois as pessoas passam a te tratar como doente. E em um dia de chuva, meu pai o leu. Imprimiu e sem me avisar entregou a um amigo. Este por sua vez era dono de uma editora. Curada e querendo a tal vida normal, fui encontrar esse amigo! O Márcio, que me surpreendeu com a proposta de fazer um livro. Então com três perspectivas diferentes sobre meu amigo inimigo, nasceu o livro, publicado pela In House, patrocinado pela Sther, apoiado pelo Jornal da Cidade, Jornal de Jundiaí e o Bom Dia, um lançamento maravilhoso proporcionado pela Sandra Setti e que me rendeu um programa regional na TV JAPI... Tudo aconteceu e acontece muito rápido.
Agora são as oportunidades que aparecem perto da porta que estou puxando para dentro de casa! Acredito na necessidade da integração: entre mídias, intercâmbio entre Brasil e o resto do mundo, registro de pessoas e obras... De novo, divulgar e integrar!  


A.C.I.M.A. – Propósitos e novidades literárias?

Karina Martinelli – Infinitos propósitos. Incansáveis novidades! O forno sempre está ligado! Assando!
A inspiração crescendo e transbordando nos novos blogs. Claro, apaguei o que era antigo! Tudo novo! E tem o próximo texto que será publicado na Antologia da REBRA (Rede de Escritoras Brasileiras), Mulheres da Floresta!  
E vai que a carreira de jornalista venha...

A.C.I.M.A. – Que conselho daria à quem esta dando os primeiros passos no universo literário?

Karina Martinelli – Acredite-se. Não tema. Compartilhe. Coragem é consequência!

A.C.I.M.A. – Você pretende voltar a viver no Brasil? Qual sua opinião sobre o momento “economicamente feliz” que o Brasil está vivenciando atualmente?
Karina Martinelli – Eventualmente voltarei a viver no Brasil. Amanhã ou daqui alguns anos. Ainda tenho pendências pessoais por aqui! E algumas profissionais também.
Mas o Brasil é o Brasil. Incomparável LAR. Família, céu, clima, pessoas, heróis... Características tão nossas que claro me leva sempre de volta. E de volta estarei!
E é bom acompanhar todas as suas mudanças. Nas idas e vindas, notícias e conversas. E minha opinião sobre esse momento é mais dualista do que eu.

A.C.I.M.A. – Qual é o seu objetivo no momento?

Karina Martinelli – Ter novos objetivos.
O principal é poder espalhar solidariedade. Divido alguns dos ideais do Dr. Aguinaldo de Bastos, como o da Lei da Consciência Cidadã da Igualdade.
Gostaria também de poder ajudar mais familiares e pacientes como um dia eu já fui. Auxílio algumas pessoas e tenho plena confiança que conseguirei ajudar mais. Quero ir além!

A.C.I.M.A. –  Se desejar deixe-nos uma mensagem por favor!

Karina Martinelli – Mesmo que pareça impossível, acredite. Mesmo que pareça deprimente, ria. Mesmo que pareça difícil, carregue a certeza que tudo sempre será fácil. Mesmo que pareça que tudo está perdido, ache. Caso não encontre a luz, compre uma lanterna. Caso o túnel seja comprido, ache um atalho.

Caso o poço esteja secando, cave outro buraco. Caso queira se esconder, pendure uma melancia no pescoço e apareça mais. Não se importe com o certo ou o errado. Importe-se com o que é certo e errado para você. Errar não é o problema! Problema é cometer os mesmos erros... Não se importe com o depois ou com o antes. Nem com o agora. Importe-se com o atemporal.






Rapidinhas:

ACIMA - Uma saudade? 
LAR
ACIMA - Um sonho?
Realizar.
ACIMA - Um lugar?
Casa
ACIMA - Uma música?
Fala (Secos e Molhados)
ACIMA - Uma tristeza?
Nilismo
ACIMA - Um barulho?
Inclassificáveis!
ACIMA
- Um cheiro?
Dama da Noite, no jardim.
ACIMA - Doce ou salgado?
Salgado
ACIMA - Destino ou casualidade?
Os dois
ACIMA - Quente ou frio?
Primavera!
ACIMA - Seu hobby?
Trabalhar
ACIMA - Três coisas fundamentais para ser feliz?
Família
Cachorros
Mudança
ACIMA - Comida preferida?
Da minha mãe
ACIMA - O que ama?
Viver
ACIMA - O que não ama?
Só amo
ACIMA - Um livro?
História Sem Fim
ACIMA - Um filme?
Head
ACIMA - Uma frase de sua autoria?
Sobreviver é um acidente!
ACIMASeu lema?
Não vou lamentar, a mudança que o tempo traz, não. O que já ficou pra trás, e o tempo a passar sem parar jamais (...) E ser todo ser, e reviver...”

ACIMAUm agradecimento?
Sempre o agradecimento sem tamanho pela minha família. Por eles serem como e quem são.
ACIMAMuito obrigada Karina! Parabéns! Obrigada por compartilhar conosco seu percurso. Muito sucesso, você MERECE!
LUZ...Sempre mais luz...

Para conhecer melhor o trabalho de Karina Martinelli visite os links abaixo.

Contato e-mail pessoal: 

Site:

Outros links:




A.C.I.M.A. Associação Cultural Internacional Mandala


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