Com muita honra, damos continuidade ao terceiro ciclo
do projeto V.I.A. – Vitrine Internacional A.C.I.MA.,
apresentando a segunda entrevista desta nova fase, que tem como destaque o
Escritor e Poeta AMILTON CONTÉ. Esta
edição marca uma etapa especial de celebração e reconhecimento da arte e da
literatura sem fronteiras, seguindo
os objetivos da A.C.I.MA. Itália com
a valorização das vozes que inspiram e conectam o mundo através da palavra.
Em comemoração ao JUBILEU
DE CRISTAL da A.C.I.MA. Itália,
que em 2026 celebra 15 ANOS de
atividades culturais internacionais, reabrimos o projeto: V.I.A., nascido em 2011, que já entrevistou centenas de escritores,
poetas, artistas e profissionais de destaque, mapeando novos talentos e
trajetórias inspiradoras ao redor do mundo. É com imensa alegria que
reafirmamos nosso compromisso em promover vozes criativas e experiências
culturais capazes de conectar pessoas, valorizar a arte e ampliar horizontes.
1 - A.C.I.MA. – AMILTON CONTÉ, seja muito bem-vindo à Vitrine Internacional A.C.I.MA.! Gostaríamos de
começar conhecendo você melhor. Conte-nos sobre suas origens: de onde vem, qual
sua terra natal e onde vive atualmente. Além da escrita, que paixões, trabalhos
ou hobbies fazem parte do seu cotidiano?
AMILTON CONTÉ - Sou Amilton Conté, assim me chamaram
os meus pais ao nascer. Vim à luz do mundo no dia 27 de janeiro de 1981,
naquele retalho de terra situado no berço da humanidade — Guiné-Bissau, onde o
sol repousa o seu desgosto.
Nasci numa sexta-feira que o meu pastor chamou de “dia
de azar”, devido à falência do mês. Fui criado por duas mulheres maravilhosas e
humildes, que tinham como maior objetivo amar os filhos e criá-los com
dignidade, sustentadas apenas pelo salário da caridade.
Passei minha infância em África e, em 1999, imigrei
para Portugal, em busca de melhores condições de vida. Há 14 anos vivo no
Luxemburgo, onde atuo como responsável técnico no grupo Auchan, sou formado em
Eletrotecnia.
***
O meu passado…
Foi assim!… assim que passou.
Longo era o percurso escuro que os deuses adivinhavam,
Numa correnteza de tentativas que me induziam aos erros.
Naturalizei-me numa liberdade ditatorial, em dia de
nevoeiro,
No coração da humanidade, onde as crianças mamavam...
Ontem caminhava descalço, de instituição em
instituição,
de casa em casa, de capela em capela, como de cadeira
em cadeira,
indeciso com o destino rude que pendia sobre mim.
Onde, o rezar me levou a prosperar no sonho, e à sua
concretização.
Hoje, engrandecido pelo tempo, aprendi com o destino —
e aqueles que
ontem gracejavam de mim, excluindo-me do contexto, hoje
me chamam de santo.
Nesta minha caminhada, narrei o tempo comprimido que
vi parar para alcançar a vitória.
A recompensa emocional é a gratidão que alegra meu pobre
coração de Poeta...
As lágrimas do passado ainda molham a lembrança, mas
são também a fonte da minha força.
***
Nos meus tempos livres, gosto de ler, assistir a filmes
e séries, e pratico esportes com frequência.
O resto da minha essência está nos meus sonetos — ali se revela quem sou, de onde vim e o porquê do nome que carrego.
2 - A.C.I.MA. – Como surgiu o seu primeiro contato com a escrita? Quais temas despertam seus
interesses e de onde vêm suas inspirações?
AMILTON CONTÉ - O meu primeiro contato com a literatura foi na escola, minha professora de
língua portuguesa pediu-me para fazer uma redação no meu primeiro dia de aula,
em Portugal. Escrevi e lhe dei de volta a página. Dias depois, ela veio com a
correção — toda vermelha — e apenas me disse: “Tens jeito para a escrita.” Foi
ela quem me abriu as portas da literatura.
Mas quem me inspirou a escrever sonetos, foi a minha musa inspiradora Florbela Espanca. Ao ler o seu Livro de mágoas, senti as suas tristezas, a sua infelicidade, e a dor de amar. Eu sou aquele que veio a procura dessa pessoa que imenso tempo esperou por esse alguém — mas que o destino converteu em desencontro.
Vai, meu amor-flor, vai cheio de mistério,
Nesse soneto longínquo, contemporâneo,
No luar louvado do vosso trabalho literário,
Que no meu espírito criou poço instantâneo.
Bela, como alcunhava eu essa cabouqueira,
Dona dessa obra romântica e possuidora,
Vivida nas gotas que o tempo galardoou,
De lábios em lábios que a ferrugem ganhou.
Se o vosso tempo era do nosso antepassado,
Se a minha padrão de rosa era do passado,
Como seria essa alegria vitoriosa de viver?
Essa gente doar-lhe-ia uma decessa vivida,
Feito um rio que corre... levado pelo tempo,
Não teria esse mar de lágrima na despedida.
3 - A.C.I.MA. – Quem foi a primeira pessoa a acreditar no seu talento? Além da literatura, quais outras formas de expressão artística tocam sua alma ou você pratica?
AMILTON CONTÉ - A primeira pessoal a acreditar no meu trabalho é a Dona — assim a chamo.
Dona de uma beleza rara e possuidora. Dona dum corpo que a uma guitara se
compara, é simplesmente a Dona do meu coração. Foi ela que apoiou as minhas
ideias e as minhas palavras, sempre encontrando os termos certos e capazes de
me fazer sonhar, elogiando cada verso como se fosse de Camões.
***
Escrevo também poesia,
teatro, crônicas e contos — para a alegrar... ou me alegrar...
***
“Eu queria ser aquela coisa cheia de felicidade,
Aquela ela… que nunca chora de injustiça,
Aquela ela… que vive encharcada de
piedade.
Eu queria ser a abundância alegre, meu Deus,
Frágil ou duro, feito uma pedra nascente,
Para que o amor bata — e eu mingue no adeus.”
4 - A.C.I.MA. – Na sua visão, qual é o papel do escritor no mundo
contemporâneo? Como podemos construir pontes entre culturas através da palavra?
E, na prática, o que seria prioritário para valorizar e divulgar o trabalho de
escritores e artistas internacionalmente?
AMILTON CONTÉ - O papel do escritor no mundo contemporâneo é falar a verdade!
***
A voz do poeta nunca cessa
minha herança!
Quando as lágrimas
entornadas na injustiça
Têm o som ou tom suplicante
de esperança,
De um dia transformar as
dores em emoção,
Falam a verdade que suporta
a coragem atrevida
Na descontente dor de um
povo, etnia, ou cultura,
Numa voz linda, serena e
delicada da literatura,
Onde o povo tem um banco do
réu à sua altura.
***
Como
digo sempre: triste é o Poeta morrer com as ideias sem plantar essa árvore, ou
seja, sem deixar a sua mensagem. Escrever não garante sucesso — o sucesso vem
depois da morte.
***
Eu,
o Poeta... Aqueles que me evocam nos longos sonos do futuro
Alegra-me
ao perceber, sem os julgar ou condenar, nas verdades,
Nesse
dia que se juntará santos e pecadores num só grito próspero
O
poeta só se tornará internacional depois da morte.
5 - A.C.I.MA.: Quais os maiores obstáculos você acredita que um escritor
encontra ao ingressar no universo literário? Como você divulga suas obras e
onde os leitores podem encontrá-las?
AMILTON CONTÉ – O maior obstáculo
é, sem dúvida, a solidão — o medo de si mesmo.
“O poeta é um louco perdido, como já afirmei.
Louco! Que vive alimentando-se do seu inconsciente,
De imaginações que nutrem a sua alma triste.
Dentro dele tudo existe, com exceção dos presentes
Que só a decessa poderá congratular inesquecivelmente
—
Essa nascença imortal que, em bocas, será redobrada.”
***
As minhas obras podem ser encontradas em todas as
plataformas digitais (em formato eBook) e também nas principais livrarias, em
formato físico.
6 - A.C.I.MA.: Que mensagem ou conselho você daria a quem está iniciando
sua jornada literária e deseja transformar sonhos em palavras?....
AMILTON CONTÉ – O conselho que
eu daria a quem está começando é procurar uma editora. Não importa o preço a
pagar — o importante é compreender que ter uma editora abre muitas portas no
futuro.
Todos os homens nascem com um sonho, uma realidade e
muitos desejos. Podemos ser o que fomos no passado, sonhando alcançar o
impossível e o possível, mas a nossa realidade será sempre a mesma aos olhos do
mundo.
Hoje, a cada novo amanhecer, o meu coração abre uma
página nova para as tristezas vindas do estigma literário — por páginas
alheias, certas vezes, preenchidas por bocas sem critérios, desprezo e até
insultos de leitores. Pergunto-me, às vezes, para quê acordar o que vive
adormecido, quando parece que a literatura é privilégio apenas dos ricos.
Todavia, te garanto que vale a pena, porque escrever cura!
A.C.I.MA.: Fale sobre suas obras, trajetória nacional e além fronteiras. Como tem sido a experiência de levar seus trabalhos para o exterior, especialmente com o apoio da A.C.I.MA. Itália?
AMILTON CONTÉ – No cenário
nacional, fiquei literalmente sem palavras e com o queixo caído. Foi uma
explosão coletiva de emoções e mágoas curadas pela arte — minha comunidade
abraçou o livro com amor e alegria. Os outros títulos seguiram o mesmo caminho.
Cheguei até a pedir que as pessoas parassem de comprar meus livros se não
fossem lê-los, pois suspeitei que muitos o faziam apenas por amizade, e não
pela literatura em si.
No plano internacional, a recepção também foi
calorosa. Na Suíça, durante uma importante feira do livro, o público acolheu meu projeto
de forma inédita, com entusiasmo genuíno.
Já a Itália representa um sonho antigo — a terra de
Dante Alighieri e A Divina Comédia,
de Padre Bonifácio, Leonardo da Vinci e Michelangelo. É um país que inspira o
espírito criador.
***
Sonhei num sonho feliz, que expressa a sua realidade
Naquele que o sol dorme à sombra do planeta sombrio,
Luar erguendo o brilho deslumbrante sobre o território
Onde residia a esperança dos vampiros e a benignidade
Essa visão que sonhei, fruto da imaginação enxurrada,
Que revolta com o gargantear dos galos barulhentos
Que ergueu a aurora aos meus olhos dos seus lamentos,
Que me despertou daquela andança memorável vivida.
8 - A.C.I.MA.: Que legado você
gostaria de deixar aos seus leitores, familiares e às futuras gerações? Que
mensagem deseja que sua obra transmita ao mundo?
Naturalmente, o legado de um Poeta é a sua Obra. Que
assim seja! Ser Poeta não se aprende na escola; a gramática sim, o conjugar dos
verbos e as redações, mas o Poeta já nasce Poeta. É aquele que consegue
conjugar versos ou rimas de forma única e original, transmitindo suas ideias e
imaginações. Cada Poeta tem sua própria maneira de narrar e expressar
sentimentos, deixando sua identidade marcada no texto, como um carimbo pessoal.
Mesmo nas noites mais escuras, reconhece sua própria poesia. Todos os Poetas
são iguais em essência e, ao mesmo tempo, absolutamente diferentes. O Poeta é
aquele que passa despercebido, ninguém o vê; é aquele que se alimenta da dor e da emoção nos diferentes
minutos da escrita. O Poeta é o Poeta. E eu sou o Poeta.
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RAPIDINHAS – Um olhar leve e pessoal... Por Amilton Conté.
A.C.I.MA.: Uma saudade que aquece o coração?
AMILTON CONTÉ: Minha natal terra Guiné-Bissau.
A.C.I.MA.: Um sonho que ainda te move?
AMILTON CONTÉ: A publicação dos meus 5 livros.
A.C.I.MA.: Um lugar que marcou sua vida?
AMILTON CONTÉ: Espanha.
A.C.I.MA.: Uma música que toca sua alma?
AMILTON CONTÉ: One love de Bob Marley.
A.C.I.MA.: Uma tristeza que virou aprendizado?
AMILTON CONTÉ: Perda do meu pai Adelino Conté.
A.C.I.MA.: Um som que traz boas memórias?
AMILTON CONTÉ: Temporal do amor de Leandro e Leonardo.
A.C.I.MA.: Um cheiro que desperta lembranças?
AMILTON CONTÉ: Do mar, leva me a África da sua melancolia.
A.C.I.MA.: Doce ou salgado?
AMILTON CONTÉ: Doce.
A.C.I.MA.: Destino ou acaso?
AMILTON CONTÉ: Destino.
A.C.I.MA.: Quente ou frio?
AMILTON CONTÉ: Quente.
A.C.I.MA.: Seu hobby favorito?
AMILTON CONTÉ: Ler e ver filmes.
A.C.I.MA.: Sua comida preferida?
AMILTON CONTÉ: Peixe, não importa como.
A.C.I.MA.: O que você ama profundamente?
AMILTON CONTÉ: Minhas filhas.
A.C.I.MA.: O que você não ama?
AMILTON CONTÉ: Lavar louça.
A.C.I.MA.: Um livro que mudou sua vida?
AMILTON CONTÉ: Livro de mágoas de Florbela Espanca.
A.C.I.MA.: Um filme inesquecível.
AMILTON CONTÉ: Mente
brilhante.
A.C.I.MA.: Uma homenagem que gostaria de prestar ou receber.
AMILTON CONTÉ: Almejo ganhar prêmios importantes. Homenageio o meu pai, por não poder
acompanhar o meu sucesso.
A.C.I.MA.: Um momento que guardará para sempre.
AMILTON CONTÉ: Foi a vinda da minha filha Florbela Conté ao mundo.
A.C.I.MA.: Três elementos fundamentais para ser feliz.
AMILTON CONTÉ: Meus livros, minha família e as minhas viagens.
Gratidão, Poeta Amilton Conté. Sucesso e conexões,
sempre!
Sigamos, conectando Mentes, Culturas e Corações.
Sonia Miquelin
A.C.I.MA. Itália
Participe você também como coautor (a) de pelo menos 1
(um) dos 6 projetos ativos do JUBILEU DE
CRISTAL A.C.I.MA. ITÁLIA 2026 e seja um dos protagonistas do projeto V.I.A., a nossa vitrine internacional.
Conte sua história, e faça parte deste movimento que celebra a arte, a
literatura e as histórias de sucesso e superação. Escreva para: miquelinsonia@yahoo.it
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