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giovedì 5 dicembre 2013

A.C.I.MA. entrevista o escritor Valdeck Almeida de Jesus para a "Vitrine do Artista Brasileiro".


A “A.C.I.M.A.” – dando continuidade ao projeto de mapeamento dos artistas e escritores brasileiros - “Vitrine do Artista Brasileiro no Exterior”, inciado em setembro de 2011, com entrevistas dirigidas inicialmente para os artistas e escritores brasileiros residentes no exterior, dá início ao segundo ciclo do projeto de entrevistas para a “Vitrine do Artista Brasileiro”, com os artistas e escritores associados A.C.I.MA. que contribuem para a divulgação e valorização da Arte & cultura brasileira no exterior. 
O projeto “Vitrine do Artista Brasileiro” da A.C.I.MA. abraça a arte e a cultura dos povos migrantes em todas as suas formas e manifestações – sejam elas, musicais, literárias, teatrais, artes plásticas, cinema, dança, fotografia, folclore, enfim, todas as expressões artísticas brasileiras.
Temos o prazer de entrevistar hoje o  Escritor: VALDECK ALMEIDA DE JESUS




A.C.I.MA. – Bem vindo caríssimo Valdeck Almeida de Jesus! Primeiramente, gostaríamos de parabenizá-lo pelo belíssimo trabalho cultural que desenvolve. È uma honra tê-lo conosco no Projeto “Vitrine do Artista Brasileiro. Gostaríamos também de saber um pouco sobre você: de onde vem, qual sua terra natal? Onde vive atualmente? Além da escrita, que trabalho ou hobby desenvolve?

VAJ – Nasci e me criei em Jequié, interior da Bahia, distante 365km de Salvador. Minha cidade natal é conhecida como Cidade Sol. No verão a temperatura pode chegar a 50ºC. De uma família extremamente pobre, com raízes no Recôncavo Baiano. Meu pai, João Alexandre de Jesus, é de Santo Antônio de Jesus e minha mãe, Paula Almeida de Jesus, de Amargosa. Ambos retirantes, se conheceram em Jequié e plantaram a semente da família Almeida ali, onde viveram até a morte. Ele se foi quando eu tinha 16 anos. Ela morreu no ano 2000. Com o falecimento do meu pai eu assumi a família: sete irmãos menores e uma mãe paralítica e analfabeta. Não tínhamos casa para morar nem renda alguma. Vivemos boa parte da vida pedindo esmolas pelas ruas da cidade. Em 1993 eu me mudei para Salvador, onde vivo até hoje. Os demais irmãos migraram para São Paulo, Vitória da Conquista-BA e Santo Amaro-BA.
Além da escrita, minha diversão é pedalar bicicleta no Parque Metropolitano de Pituaçu. São quinze quilômetros de trilha numa região de Mata Atlântica remanescente. Além disso eu vou a saraus de poesia, cinema, teatro e navego muito na internet. Outra coisa que adoro fazer é viajar, seja para eventos culturais, visitar parentes, me espreguiçar numa praia ou simplesmente para descansar.


A.C.I.MA. – Como e quando se dá o seu primeiro contato com a escrita? Sobre qual tema você escreve? De onde vem as inspirações para suas obras literárias? Poderia nos contar um pouco sobre seu processo criativo?

VAJ – Meu primeiro contato com a escrita literária foi na escola secundária, quando comprei três livretos de poemas daqueles mascates que viajavam vendendo de porta em porta. A poesia me abriu portas e mundos que eu não imaginava existir. Daí por diante comecei a imitar os poetas e não parei mais. A escrita propriamente dita foi bem antes desse evento: a escrita obrigatória, escolar.
Meu tema principal é o social, muito influenciado pela vida que experimentei. Meus textos falam de divisão de rendas, injustiça, educação, cidadania etc. As inspirações vêm como dito, da experiência de vida e também de minhas observações. Sou uma pessoa inquieta e observadora. E qualquer acontecimento que tenha ligação com problemas sociais me acende uma luzinha para escrever sobre. Anoto em papel ou no celular e na primeira oportunidade eu faço um texto.
Meu processo criativo é lento em alguns momentos e super rápido em outros. Tenho textos que estão inacabados há anos e tenho outros que consigo terminar em minutos. Às vezes acordo para fazer anotações ou concluir uma frase, um parágrafo. Tem épocas em que produzo mais, compulsivamente. Em outros tempos, não consigo escrever uma linha. É muito relativo. Não tem uma constância, um ritmo definido. É tudo circunstancial.


A.C.I.MA. – Qual foi a pessoa que primeiramente acreditou em seu talento? E qual outra linguagem da Arte tem o seu interesse?

VAJ – A primeira pessoa que se interessou pelo meu talento foi minha mãe. Ela sempre ouvia meus poemas e ficava feliz. Claro que toda mãe acaba aplaudindo seu filho, mas ela era muito crítica e os textos que ela não gostava ela dizia na cara. Além da literatura eu também gosto de teatro. Até já fiz alguns cursos e participei de uma peça. Mas não fui adiante. Também fiz um curso de canto e fui na apresentação final do grupo, cantando uma música. Parei por aí também. Me concentrei mesmo na literatura.

A.C.I.MA. – O que você acha que seria prioritário fazer para criar oportunidades para valorizar e divulgar o trabalho dos escritores e artistas brasileiros no Brasil e no exterior?

VAJ – O brasileiro de um modo geral é muito criativo. O que falta é escoamento da produção. Seja acesso aos livros, salas de teatro para abrigar todas as peças, cinemas nas periferias etc, em se tratando de Brasil. Para o país e para o exterior: feiras de livros, programas de intercâmbio, projetos itinerantes seriam um bom caminho. E para tudo isso é necessário financiamento público e privado. As demandas são muitas e os recursos são poucos e concentrados em regiões ou em grupos. Democratizar o acesso ao financiamento já resolveria a vida de muita gente e levaria a arte a todo canto.

A.C.I.MA. – Na sua opinião, qual o maior obstáculo que encontra o escritor brasileiro para ingressar no universo literário? Como você divulga o seu trabalho? Onde é possível adquirir seus livros?

VAJ – O maior obstáculo para um escritor ingressar no universo literário é a falta de incentivo. Ainda há poucos projetos e prêmios que estimulem a criação, produção e distribuição de livros. Eu entendo a distribuição não só no sentido de o livro chegar às livrarias, mas também em escolas, bibliotecas, feiras de livros, bienais. Também entendo que esse caminho não depende somente do escritor. A mídia tem um papel fundamental na divulgação, e isso pode estimular a compra, a procura, a distribuição. Acontece que poucos meios de comunicação atuam nesse mercado e para um escritor pouco conhecido ser divulgado é muito trabalhoso ou até impossível.
Eu divulgo meu trabalho através da internet. É o meio mais democrático que existe. Mas tem um problema: nem todo mundo tem acesso ao mundo digital. Por isso eu também vou a eventos, lançamentos de livros de outros autores, feiras e festas literárias, bienais e encontros, escolas etc. Ou seja, eu lamento mas não fico só nisso. Boto o pé na estrada e vou fazendo a minha parte.
Meus livros podem ser adquiridos diretamente comigo, através do meu site Galinha Pulando, ou nos sites das livrarias Cultura, Saraiva, PerSe e outros.

A.C.I.MA. – Que conselho daria a quem está dando os primeiros passos no universo literário?

VAJ – Insistir e insistir. Por mais que uma obra artística seja de boa qualidade, não anda por si só. É necessário que o seu criador circule, divulgue, faça cursos, participe de grupos etc. E ter muita paciência, pois arte e cultura não dão resultados de uma hora para outra. O mais importante é fazer, fazer e fazer. Sempre. O reconhecimento pode nem vir durante a vida e nem deve ser perseguido a todo custo. Os aplausos chegam aos poucos e tem hora que dá vontade de desistir. A insistência em fazer é que deve ser mantida, sempre!


A.C.I.MA. – Qual sua opinião sobre o momento “economicamente feliz” que o Brasil está vivenciando atualmente? Segundo seu ponto de vista será duradouro? Qual é o seu objetivo literário no momento?

VAJ – Eu acho que qualquer país passa por momentos bons e momentos difíceis. Atualmente a economia do Brasil está em expansão e espero que se mantenha assim. E espero que a renda seja cada vez mais distribuída entre todos. Meu objetivo literário no momento é participar ainda mais das políticas públicas a fim de consolidar ações abrangentes e democratizantes para a literatura baiana. Eu estou presidente do Colegiado Setorial de Literatura da Bahia, entidade da sociedade civil que atua como mediadora entre escritores e a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. A principal atividade do colegiado é construir o Plano Setorial de Literatura, que se transformará em lei e vai reger esta atividade por dez anos. Além de escrever, atuo também na área política. Não dá para esperar que os investimentos em cultura fiquem ao sabor do humor dos governantes, precisamos agir para transformar investimento em cultura em política de estado, que seja algo constante e continuado. A cadeia produtiva do livro tem vários profissionais como editores, livreiros, vendedores de livros, diagramadores, ilustradores, revisores etc. E toda essa cadeia produtiva gera emprego e renda. O Estado não pode deixar de investir pesado nisso, sob pena de aniquilar a cultura e a produção criativa, bem como pode desempregar milhares de pessoas.
Também participo da União Baiana de Escritores – UBESC, que reúne escritores e artistas da palavra em prol de políticas públicas para a área literária. Sou membro da União Brasileira de Escritores e de outras entidades que também militam em prol do escritor e da literatura. Acredito que quanto mais a gente se unir, mais forte nos tornamos e nossa voz pode ser ouvida e repercutida mais longe.




A.C.I.MA. – Poderia nos falar um pouco sobre suas obras, seu percurso, e particularmente sobre a experiência de divulgar suas obras no exterior?

VAJ – Minhas obras são basicamente poemas. A maioria dos livros trazem textos poéticos. Também escrevo alguns cordéis, crônicas e contos. Em 2005 fiz o primeiro livro com texto longo, que conta a história da minha família. Depois disso publiquei, em 2009, outro livro com texto longo, que é um romance LGBT. A divulgação no exterior tem me trazido bons frutos. Por exemplo, meu primeiro livro de poemas, “Heartache Poems”, publicado em Nova York em 2004 abriu portas para a tradução de outros dois livros de minha autoria. Além da tradução, também divulgo os livros em português e já tenho alguns leitores em países africanos. Tudo isso me ajuda a divulgar o meu trabalho fora do Brasil. Acredito que um artista não deve se limitar a um pequeno círculo nem ficar pensando somente no seu próprio umbigo. Quanto mais longe puder ir, melhor. Por isso tenho participado do Salão do Livro de Genebra, sempre a convite de minha querida amiga Jacqueline Aisenman, que tem feito muito pela literatura brasileira. Também fui em 2013 ao Encontro de Escritores da Colômbia e pretendo ampliar meu raio de atuação, indo, por exemplo, para o Salão do Livro de Torino, em 2014, a convite de Mariana Brasil, minha querida amiga que mora na Itália.

 


Valdeck Almeida de Jesus e Paulo Coelho – Salão Internacional do Livro de Genebra 2013 no stand Varal do Brasil

A.C.I.MA. – Quantos livros você publicou? Pode nos deixar aqui uma bibliografia (título/Ano de publicação/ Tema e público alvo/ Em uma frase a mensagem de cada obra.

VAJ – Já lancei 16 livros solo; 16 livros do Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus; seis cordéis; e participo de 95 antologias.Vou citar alguns: 

Memorial do Inferno. A saga da Família Almeida no Jardim do Éden”, 5ª edição, Chiado Editora, 2013, romance, público juvenil e adulto; Sobreviver à miséria é uma arte.

“Sim, sou gay. E daí? Desabafos de Alice no País das Maravilhas”, Chiado Editora, 2012, romance, público adulto; Ser feliz é o mais importante na vida.

“Como Escrever, Publicar e Divulgar um Livro”, Livrus Editora, 2012, livro técnico, público juvenil e adulto; Sucesso na literatura pode ser construído.

“O MST e a Mídia. Uma análise do Movimento dos Sem Terras nos jornais online A TARDE e O Globo”, Livrus Editora, 2012, público adulto. Coautor: Jobson Santana. Análise crítica do que fala a mídia.

“Brasil e África. Laços poéticos”, Editora Letras, 2013, em co-autoria com Dye KAssembe, Walter S e Eduardo Quive, público juvenil e adulto. Poemas sociais e de reflexão.



A.C.I.MA. – Se desejar deixe-nos uma mensagem, frase, reflexão ou poesia de sua autoria, por favor!
 

Ninguém chega ao topo sozinho
Mesmo que não enxergue
Ou finja não ver
Ao longo do caminho

Ninguém chega ao topo sozinho
Mesmo que não enxergue
Diversidade de cores
E de bastidores

Ninguém chega ao topo sozinho
Mas cair todos podem
Se achar que o poder
O mantém no caminho

Ninguém chega ao topo sozinho
E nem lá se mantém
Sem ajuda de ninguém
E nem lá se mantém, sozinho

Salvador, 27 de novembro de 2013
Valdeck Almeida de Jesus


RAPIDINHAS:

A.C.I.MA. – Uma saudade? 
VAJ – Minha mãe.
A.C.I.MA. – Um sonho?
VAJ – Ser o novo Paulo Coelho.
A.C.I.MA. – Um lugar?
VAJ – Genebra.
A.C.I.MA. – Uma música?
VAJ – Amor Maior – Jota Quest.
A.C.I.MA. – Uma tristeza?
VAJ – Mentiras.
Um barulho?
VAJ – Um silêncio.
A.C.I.MA. – Um cheiro?
VAJ – Café de manhã.
A.C.I.MA. – Doce ou salgado?
VAJ – Doce: banana real. Salgado: pastel de feira.
A.C.I.MA. – Destino ou casualidade?
VAJ – Construção.
A.C.I.MA. – Quente ou frio?
VAJ – Temperatura ambiente.
A.C.I.MA. – Seu hobby?
VAJ – Ser feliz.
A.C.I.MA. – Comida preferida?
VAJ – Feijão com bife.
A.C.I.MA. – O que ama?
VAJ – Sinceridade.
A.C.I.MA. – O que não ama?
VAJ – Intrigas.
A.C.I.MA. – Um livro?
VAJ –  “Admirável Mundo Novo” – Adous Huxley.
A.C.I.MA. – Um filme?
VAJ –  “O Segredo de Brokeback Mountain” – Ang Lee.
A.C.I.MA. – Uma homenagem? A todos os poetas do mundo.
A.C.I.MA. – Momento inesquecível?
VAJ – Quando terminei de construir a primeira casa da família.
A.C.I.MA. – Três coisas fundamentais para ser feliz?
VAJ – Amor, Tempo Livre, Paz.

 
Contato pessoal: poeta.baiano@gmail.com


Site                      www.galinhapulando.com


















Se você é um artista brasileiro e deseja participar do Projeto “Vitrine do Artista Brasileiro no Exterior”, escreva para:  
 
Para ter acesso as demais entrevistas e conhecer melhor essa geração fantástica de artistas e escritores que, com Cores & Letras estão escrevendo a nossa história clique nos links abaixo. Boa leitura. 
EXTERIOR

A.C.I.M.A entrevista Geovana Clèa ( Itàlia)
A.C.I.M.A entrevista Ana Miquelin ( Itàlia)
A.C.I.MA. entrevista Fátima Freitas (Suíça)
A.C.I.MA. entrevista Mara Parrela (Holanda)
A.C.I.MA. entrevista Lúcia Amelia Brüllhardt   (Suíça)
A.C.I.MA. entrevista Marcos Borges (Dinamarca)
 http://acimamandala.blogspot.it/2012/03/acima-entrevista-marcos-borges.html
A.C.I.MA. entrevista Josane Mary Amorim  (Holanda)
A.C.I.MA. entrevista Roseni Kurànyi (Alemanha)
A.C.I.MA. entrevista Jacilene Brataas (Noruega)
A.C.I.MA. entrevista Alexandra Magalhães Zeiner (Alemanha)
A.C.I.MA. entrevista Evandro Raiz Ribeiro (Japão)
A.C.I.MA. entrevista a escritora Rosemary Mantovani (Itália)
entrevista a escritora KARINA MARTINELLI (Irlanda)
A.C.I.MA. entrevista a escritora Beti Rozen (EUA)
A.C.I.MA. entrevista a escritora LIGIA BRAZ (ALEMANHA)
A.C.I.MA. entrevista o escritor Sérgio, BEIJA-FLOR-POETA (ALEMANHA)

BRASIL
A.C.I.MA. entrevista o escritora LEONIA OLIVEIRA (BRASIL)
A.C.I.MA. Entrevista a escritora FLÁVIA ASSAIFE. (BRASIL)
A.C.I.MA. Entrevista o Professor e Escritor:  FRANCISCO EVANDRO DE OLIVEIRA (Farick).  (BRASIL) http://acimamandala.blogspot.it/2013/12/acima-entrevista-o-professor-e-escritor.html
A.C.I.MA. Entrevista o  Escritor:  VALDECK ALMEIDA DE JESUS
 


E continua...




1 commento:

  1. Mais uma vez tive a oportunidade de redescobrir a Alma Humanista desse amigo, colega e irmão de Arte, com quem já tive o privilégio de trocar impressões e até publicar um Livro, no caso "Brasil e África: Laços Poéticos".

    Muita força meu kamba, a sua persistência é também minha luz e entusiasmo.

    Abraços!

    Walter "S" - Um mero poeta.

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