“A.C.I.M.A.” – Associação Cultural
Internacional Mandala entrevista a escritora Alexandra Magalhães Zeiner, residente na Alemanha.
A
“A.C.I.M.A.” – Associação Cultural
Internacional Mandala, sediada na Itália, desde 2011está realizando o
mapeamento dos artistas brasileiros residentes no exterior. Este projeto
“Vitrine do Artista Brasileiro no Exterior” abraça a arte e a cultura dos povos
migrantes em todas as suas formas e manifestações – sejam elas, musicais,
literárias, teatrais, artes plásticas, cinema, dança, fotografia, folclore,
enfim, todas as expressões artísticas brasileiras.
A.C.I.M.A.
– Bem vinda Alexandra! Primeiramente, gostaríamos de saber um pouco sobre você:
Sua terra natal? Onde vive atualmente e o motivo que lhe impulsionou a viver
fora do Brasil?
AMZ –
Nasci em Fortaleza e ainda na escola decidi que depois de terminar a faculdade
trabalharia no exterior. Iniciei o primeiro curso de inglês aos 11 anos e nunca
parei de estudar. Por causa da minha carreira, tive que confiar em minhas
habilidades de falar outros idiomas para trabalhar em diferentes projetos ao
redor do mundo.
Livros
sempre foram meus melhores amigos. Foi na escola que eu comecei uma coleção de
todos os tipos de livros e revistas em inglês, espanhol, italiano e, mais
tarde, em alemão. No momento em que eu terminei a faculdade eu tive que doar a
maior parte, pois a mudança de país para país ensina a colocar todos os seus
pertences em duas malas!
Hoje
em dia, morando entre Viena e Augsburg (sul da Alemanha), quando mostro ao meu
filho o que restou da coleção, ele começa a arrumar sua pequena mochila, pronto
para viajar e explorar.
A.C.I.M.A.
– Como foi sua adaptação e quais as maiores dificuldades que encontrou no
exterior? Maiores alegrias? Contou com o apoio de alguma organização que
auxilia os imigrantes brasileiros?
AMZ –
Me adaptava a todo lugar, sempre respeitando as diferentes culturas onde vivi,
aprendendo com os nativos de cada país os prós e contras de cada lugar. Uma
dificuldade foi com a comida, por ser vegetariana muitas vezes tive que fazer
dieta forçada ou criar algo diferente com o que tinha no projeto, um
aprendizado em si. Outra situação que exigiu minha adaptação foi a mudança para
a Europa Central, longe do mar… Amigos da universidade sempre brincavam comigo
dizendo que o Rio Danúbio seria suficiente, mas quem já passou por esta
experiência conhece esta “saudade do mar”.
Nunca
tive contato com qualquer organização para imigrantes brasileiros. Uma vez fui
convidada em Viena para participar de uma reunião sobre um “conselho de
brasileiros”, mas o que vi e ouvi me decepcionaram. Ouve mais confusão que
discussão sobre temas importantes para todos presentes. Na minha opinião,
enquanto este tipo de atitude prevalecer, sempre haverá uma dúvida sobre a
seriedade de certas organizações. Por outro lado, somente através deste tipo de
experiência aprendemos a “filtrar” informações e informadores. O que seria da
luz sem as trevas?
A.C.I.M.A.
– Como e quando se dá o seu primeiro contato com a escrita? Sobre qual tema
você escreve? De onde vem as inspirações para suas obras literárias?
AMZ –
Na escola era chefe de equipe durante as aulas de história e geografia, amava
planejar e escrever nossas apresentações, viajava nos livros. Na faculdade fui
bolsista e escrevia relatórios e mais relatórios, teses e trabalhos
científicos… Mas foi somente quando comecei a fazer apresentações nas escolas
internacionais que reconheci a necessidade de criar livros para despertar o
interesse e, ao mesmo tempo, informar as crianças de forma adequada sobre a
flora e fauna característica do Brasil, bem como nossos ancestrais, os povos
indígenas.
Para
meus livros bilíngues, escrevo em português e inglês, me inspiro na minha
paixão por mitos e lendas dos povos e índios brasileiros.
A.C.I.M.A. – Qual foi a pessoa que primeiramente acreditou em seu talento? E qual outra linguagem da Arte tem o seu interesse?
AMZ –
Amigos da Austrália, Brasil, Estados Unidos, Índia e Holanda foram os primeiros
a insistir na publicação do “meu projeto”. Um amigo de Sydney queria fazer um
filme documentário sobre o “Filho do boto cor-de-rosa”, mas por questões de
saúde teve que abandonar o projeto. Sou muito grata pela energia que eles me
enviaram, vozes do mundo, para publicar meu primeiro livro.
Estou
trabalhando junto a dois artistas Walde-Mar de Andrade e Silva, do Embú das
Artes, em São Paulo e Reinhard “Eichwaldmond”, de Viena, combinado textos e
suas mágicas telas.
A.C.I.M.A.
– Como você divulga o seu trabalho? O que você acha que seria prioritário fazer
para divulgar o trabalho dos artistas brasileiros que vivem no exterior?
AMZ –
No meu caso particolar (mãe e profissional independente) uso de todos os meios
possíveis, pois a editora que aceitou meu projeto é americana e eu moro na
Europa! Internet, apresentações em escolas e associações, além de contar com a
propaganda dos amigos, são os recursos que disponho.
Para
uma divulgação do nosso trabalho no exterior será necessário primeiramente o
reconhecimento do mesmo. Por exemplo, a Professora Else Vieira, do Reino Unido,
e a escritora Mariana Brasil, da Itália organizaram junto ao maravilhoso time
do evento FOCUS 2012 em Londres, o primeiro encontro de escritores brasileiros
residentes no exterior. Participei do evento e sementes foram plantadas, o
processo foi iniciado! Trabalhos de alto nível marcaram este encontro.
Esperamos que este tipo de iniciativa possa mostrar a todos os brasileiros,
dentro e fora do nosso país, a riqueza da nossa arte, espalhada pelo mundo.
A.C.I.M.A.
– Propósitos e novidades literárias?
AMZ –
“A menina e a onça-pintada”, meu segundo livro bilíngue será lançado ainda este
ano. Judit Fortelny, minha ilustradora, fez um trabalho belíssimo! Aguardem,
mas leiam o primeiro também!
Outro
propósito no momento è a realização do projeto que idealizei e foi aprovado
pela Associação Teuto- Brasileira de Munique: o Projeto Adote um Autor.
PS:
Os autores interessados no projeto podem me contatar nos endereços disponìveis
no final desta entrevista para maiores
informações.
A.C.I.M.A.
– Que conselho daria à quem está dando os primeiros passos no universo
literário?
AMZ –
Acredite no seu trabalho, na sua mensagem, no seu processo de criação.
Comparações são perigosas, cada um faz sua trilha como/com o que pode. Em caso
de dúvida pergunte, procure, insista e mantenha sua fé! Foi assim que vi meu
projeto ser aceito e meu primeiro livro ser publicado.
A.C.I.M.A.
– Você pretende voltar a viver no Brasil? Qual sua opinião sobre o momento
“economicamente feliz” que o Brasil está vivenciando atualmente?
AMZ –
Não sei, já faz algum tempo que parei de planejar o futuro. Na
minha opinião “este momento no Brasil” é visto pelo ângulo que cada um deseja
enxergar. Para mim, enquanto houver injustiça ao vivo e a cores, como este
projeto gigantesco do Belo Monte ou Belo Monstro, e os outros planejados no
meio da floresta, este “estado economicamente feliz” não passa de uma política
do pão e circo, criada pelos romanos e copiada, até hoje, por governos do mundo
inteiro!
A.C.I.M.A.
– Qual é o seu objetivo no momento?
AMZ –
Continuar meu trabalho, hoje e sempre, porque como diziam meus queridos avós:
quem planta, colhe!
A.C.I.M.A.
– Se desejar deixe-nos uma mensagem por favor!
AMZ – Obrigada a Mariana Brasil e a
A.C.I.M.A. por seu apoio. Agradecimentos a minha editora "Educa
Brazil", por acreditar no meu projeto, minha ilustradora Judit Fortelny,
minha família, fonte de inspiração. Faço um apelo especial a todos leitores e
educadores(bilíngues ou não, pequenos e grandes) para ouvirem a mensagem do
boto cor-de-rosa; para que a floresta amazônica seja protegida, para nós e para
as gerações futuras do nosso planeta.
Rapidinhas:
ACIMA
- Uma saudade?
AMZ –
Do Atlântico
ACIMA
- Um sonho?
AMZ –
Amazônia, nossas florestas e matas, protegidas para sempre
ACIMA
- Um lugar?
AMZ –
Fernando de Noronha
ACIMA
- Uma música?
AMZ –
Vilarejo, Marisa Monte
ACIMA
- Uma tristeza?
AMZ –
Injustiça
ACIMA
- Um barulho?
AMZ –
De cachoeira
ACIMA
- Um cheiro?
AMZ –
De mata
ACIMA
- Doce ou salgado?
AMZ –
Salgado
ACIMA
- Destino ou casualidade?
AMZ –
Destino (não esquecendo do nosso livre arbítrio)
ACIMA
- Quente ou frio?
AMZ –
Frio
ACIMA
- Seu hobby?
AMZ –
Longas caminhadas nos
bosques
ACIMA - Três coisas fundamentais para ser feliz?
AMZ –
Agradecer diariamente ao universo por tudo na nossa vida
Cuidar
de si mesmo (mente, corpo e alma)
Ter
fé
ACIMA
- Comida preferida?
AMZ –
Pargo com macaxeira frita (prato típico nas praias do Ceará)
ACIMA
- O que ama?
AMZ –
A Natureza
ACIMA
- O que não ama?
AMZ –
Egos gigantes
ACIMA
- Um livro?
AMZ –
Meu próximo livrinho: A menina e a onça pintada
ACIMA
- Um filme?
AMZ –
Na verdade uma série: Star Trek, Deep Space Nine
ACIMA
- Uma frase de sua autoria?
AMZ –
“Eu faria tudo para proteger o rio e a floresta porque aqui nós todos somos um
só.”
Pedro,
o filho do boto cor-de-rosa falando para os pesquisadores sobre sua relação com
a floresta.
ACIMA
– Seu lema?
AMZ
–
“Juntos, somos mais fortes”
ACIMA
– Um agradecimento?
A
todos os seres mágicos que cruzaram meu caminho, principalmente a todas
mulheres e a minha mestra Mathaji Swami Athmarajyam Saraswati, todas parte de
“Uma” só.
Contato
e-mail pessoal: pink-dolphin@inode.at
Educa
Brazil USA
Vendas
Online
Leitura
feita em Graz, sul da Autria
Interview about my children book "The Pink
Dolphin's Son" "O filho do boto cor-de-rosa"
openbeast.com/931
Varal
do Brasil, artigo no Varal do amor, pg. 23
ACIMA – Alexandra, parabéns
pelo seu trabalho em prol do mundo maravilhoso que nos hospeda. Muito Obrigada!
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