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lunedì 22 ottobre 2012

A A.C.I.M.A entrevista o escritor brasileiro Evandro Raiz Ribeiro, residente no Japão.









A “A.C.I.M.A.” – Associação Cultural Internacional Mandala, sediada na Itália, desde 2011está realizando o mapeamento dos artistas brasileiros residentes no exterior. Este projeto “Vitrine do Artista Brasileiro no Exterior” abraça a arte e a cultura dos povos migrantes em todas as suas formas e manifestaçõessejam elas, musicais, literárias, teatrais, artes plásticas, cinema, dança, fotografia, folclore, enfim, todas as expressões artísticas brasileiras.



A.C.I.M.A. – Bem Vindo Evandro, primeiramente, gostaríamos de saber um pouco sobre você: Sua terra natal? Onde vive atualmente e o motivo que lhe impulsionou a viver fora do Brasil?

ERR Sou de Recife, Pernambuco, onde nasci em 1962. Sou descendente de Gregos por parte de mãe, de Portugueses por parte de pai e com uma raiz nordestina muito profunda (coincidentemente meu sobrenome é Raiz que vem do Grego Rhiza). Vivi minha infância, que considero ter sido muito feliz, entre os estados de Pernambuco, Paraíba e Alagoas. Aos treze anos, depois que meu pai faleceu, fui morar em Santo André, no ABC paulista. Apesar de ter passado por algumas dificuldades inicialmente, foi em Santo André que conheci pessoas maravilhosas, uma família mineira que me “adotou”, podemos assim dizer, e apesar de nenhum parentesco real, todos me tratavam como um membro da família. Há vinte anos moro no Japão, vim para cá, por causa de uma proposta de emprego interessante e também porque minha esposa é descendente de japoneses.

A.C.I.M.A. – Como foi sua adaptação e quais as maiores dificuldades que encontrou no exterior? Maiores alegrias? Contou com o apoio de alguma organização que auxilia os imigrantes brasileiros?

ERR Devo dizer que não tive problemas de adaptação, pois desde o início gostei muito do país e me adaptei facilmente. Inicialmente o grande problema foi o idioma, apesar de ter estudado algum tempo antes de vir para cá, o que estudei não serviu praticamente para nada e tive que aprender na marra. Como único estrangeiro não descendente e consequentemente sem falar o idioma, tive que superar essa dificuldade logo no primeiro mês em que cheguei. Precisei provar que o idioma não seria empecilho para exercer minha função no trabalho. Nunca contei com nenhum organização de auxílio em todos esse tempo em que estou aqui. Não houve necessariamente nenhuma alegria importante, apenas vários momentos alegres no decorrer desse tempo. Claro que ter escrito meu livro e poder publicá-lo foi uma grande alegria. A minha mais recente alegria foi ter conhecido os escritores e escritoras que vivem no exterior através do Fócus Brasil em setembro, a Londres, durante o 1° encontro de escritores brasileiros residentes no exterior.


A.C.I.M.A. – Como e quando se dá o seu primeiro contato com a escrita? Sobre qual tema você escreve? De onde vem as inspirações para suas obras literárias? Poderia nos contar um pouco sobre seu (s) livro (s) e percurso literário? 

ERR Ler é um quesito imprescindível para escrever. Ninguém pode se tornar um escritor sem antes ter sido um bom leitor. Meu primeiro contato com a escrita se deu através da leitura. Não me recordo de nenhum momento de minha vida em que um livro não fizesse parte do meu dia. Era frequentador assíduo de todas as bibliotecas das escolas e dos bairros por onde passei na infância e depois de adulto, as livrarias e sebos no centro da cidade, os meus pontos preferidos. Ainda estou no meu primeiro livro, quero dizer, já estou escrevendo o segundo, que é um complemento do primeiro. Apesar de escrever ficção, escrevi nesse meu primeiro livro sobre coisas que presenciei, então é uma ficção sobre acontecimentos reais. Conto uma história sobre duas crianças que se encontram e se atraem por viverem uma existência solitária. Cada um encontra no outro o apoio para seguir em frente. Por ser afeicionado por histórias de vampiros, um filme sueco de vampiros, foi o start para que eu começasse a escrever. 



A.C.I.M.A. – Qual foi a pessoa que primeiramente acreditou em seu talento? E qual outra linguagem da Arte tem o seu interesse? 

ERR A primeira pessoa que levou meu trabalho a sério e me deu uma grande ajuda, foi uma jornalista brasileira radicada nos Estados Unidos, Sílvia Dutra. Ela tinha uma coluna no Portal Imprensa, que é um jornal virtual. Vi uma matéria em que ela falava sobre plágio e deixei um comentário. Naquela época, eu tinha um grande receio de cometer algum plágio em meu livro, pois havia usado o tema do filme sueco para escrever minha história. E ela se propôs a ler e comentar, e fez muito mais que isso, assistiu ao filme e disse-me que eu não precisava me preocupar porque a história era completamente original. Se basear em alguma coisa para escrever, é o que normalmente os escritores fazem, plágio é quando se copia descaradamente o trabalho de alguém. O que eu havia feito, foi escrever à minha maneira uma história sobre um tema já abordado. Foi também através de seus conselhos que consegui deixar um pouco melhor o que havia escrito, pois havia escrito muita coisa que hoje considero um monte de barbaridades.
O escritor Alexandre Lobão, foi outra pessoa que respondeu a meu contato inicial e me deu conselhos importantíssimos. Não posso deixar de agradecer a meu amigo Rubens Maeda, que é um grande empresário aqui no Japão. Ele me deu grande apoio para que eu conseguisse importar meu livro e divulgá-lo, sem visar em momento algum qualquer retorno financeiro. Também agradeço ao conselheiro suplente do CRBE Asía,  Wilson Keiiti Hayashida, que foi a segunda pessoa a acreditar em meu trabalho aqui no Japão. Foi através deles que consegui conhecer todas as pessoas que me proporcionaram ter ido a Londres em Setembro.
A outra linguagem de arte que sempre me fascinou foi a música, sempre pensei em um dia me tornar um músico profissional, mas me faltou talento e perseverança para isso.


A.C.I.M.A. – Como você divulga o seu trabalho? O que você acha que seria prioritário fazer para divulgar o trabalho dos artistas brasileiros que vivem no exterior?

ERR Aqui no Japão eu divulgo meu trabalho diretamente com o público, vou em eventos ou lugares específicos e converso com as pessoas, mostro meu trabalho, falo sobre ele. No Brasil entrei em contato com blogs literários, fiz parcerias.
Acho que o brasileiro que trabalha com alguma forma de arte no exterior ainda está muito só e por sua própria conta. É preciso criar mecanismos que apoiem mais quem está se destacando na promoção de nossa cultura, seja em qualquer modalidade que for. Acho que não é justo que exista uma comunidade com milhares de indivíduos carentes de cultura, que existam várias pessoas com trabalhos culturais expressivos e nenhum caminho que ligue o artista a essa comunidade carente.
Faço minhas as palavras da escritora Alexandra Magalhães Zeiner, que tive o prazer de conhecer no Fócus Brazil em Londres:
Para uma divulgação do nosso trabalho no exterior será necessário primeiramente o reconhecimento do mesmo. Por exemplo, a Professora Else Vieira, do Reino Unido, e a escritora Mariana Brasil, da Itália organizaram, juntamente ao maravilhoso time do evento FOCUS Brazil 2012 em Londres, o primeiro encontro de escritores brasileiros residentes no exterior. Participei do evento e sementes foram plantadas, o processo foi iniciado! Trabalhos de alto nível marcaram este encontro. Esperamos que este tipo de iniciativa possa mostrar a todos os brasileiros, dentro e fora do nosso país, a riqueza da nossa arte, espalhada pelo mundo, realizada por filhos do Brasil que optaram por viver longe de casa.




A.C.I.M.A. – Propósitos e novidades literárias? 

ERR Estou escrevendo a continuação do meu primeiro livro. Na verdade não gosto de continuações, mas muitos leitores me escreviam pedindo, então resolvi fazer. Para o ano que vem, fui convidado para participar de alguns eventos como a segunda edição do Encontro de Escritores Brasileiros no Exterior do Fócus Brasil nos Estados Unidos, para a Feira de Livros de Frankfurt, em que o tema será o Brasil; apesar da distância e dos gastos, vou me esforçar para poder participar de todos.


A.C.I.M.A. – Que conselho daria à quem está dando os primeiros passos no universo literário?

ERR Primeiro invista no seu talento, por investir eu quero dizer se preparar fazendo cursos ligados a área, se informar, se atualizar. Procure ver o que estão fazendo outros autores ligados ao estilo que gosta.  Se enturme, faça amizades com outros autores, procure por pessoas que divulguem literatura, blogs literários, etc... não fique sozinho. Envie seu trabalho para editoras que publiquem obras no estilo em que escreve. E o mais importante, jamais desista; não desanime na primeira e nem na última recusa que receber. Ter o trabalho recusado faz parte do currículo de qualquer escritor, inclusive os mais famosos. Envie seu trabalho para que pessoas capacitadas o avaliem, não adianta pedir para seu melhor amigo ou seu parente querido, eles vão sempre elogiar o que você fez, e não é disso que você precisa. Analise todas as críticas recebidas com o bom senso e não com o ego, e conserte o que precisa ser consertado.

A.C.I.M.A. – Você pretende voltar a viver no Brasil? Qual sua opinião sobre o momento “economicamente feliz” que o Brasil está vivenciando atualmente? 

ERR È claro que essa não é uma pergunta que dá para se responder de uma forma simples e generalizada, mas se for para responder nesses termos, eu acho que não tenho mais condições de voltar ao Brasil. Tenho certeza que todos os brasileiros que tiveram a oportunidade de morar em outro país, exceto em casos em que não há escolha ou em outro caso excepcional, jamais voltarão ao Brasil em definitivo. Eu amo o Brasil, sinto falta da minha terra, sinto falta dos meus entes queridos, amigos e familiares; mas no Brasil as oportunidades ainda são poucas e limitadas.
Em todo esse momento em que estou distante do Brasil, uma coisa eu tenho certeza, alguma coisa mudou para melhor, me surpreendi há algum tempo com a quantidade de amigos e parentes que ingressaram em um curso superior. Alguns que haviam abandonado a escola ou desistido de fazer um curso universitários há vários anos, para mim foi o sinal de que estão ocorrendo mudanças. Mas, o ensino público no Brasil ainda é lastimável, é preciso mais investimento em educação e saúde pública. Um profissional que não é bem remunerado, não se sente incentivado a dar o melhor de si, porque estará mais preocupado em sobreviver. É lógico, existem muitos outros setores essenciais na sociedade brasileira como um todo necessitando de investimento. Por isso, acho que ainda falta muito para que o Brasil chegue a um patamar economicamente feliz, na minha opinião, essa felicidade ainda está ao alcance de poucos.





A.C.I.M.A. – Qual é o seu objetivo no momento?

ERR Particularmente falando, é o que citei anteriormente, participar de mais eventos e encontrar com outras pessoas que divulguem nossa cultura pelo mundo. Em termos gerais, divulgar mais a nossa cultura, tentar conquistar espaços aqui no Japão e no exterior, já que não estou sozinho nessa empreitada. Unir forças com outros brasileiros espalhados pelo mundo e cobrar mais apoio aos nossos governantes, dirigentes e entidades que se beneficiam da nossa comunidade no exterior, que com certeza não é inexpressiva. Principalmente ter retorno em forma de benefício, cultural, educativo e de saúde; que são os pontos mais carentes de nossa comunidade no exterior. 

A.C.I.M.A. –  Se desejar deixe-nos uma mensagem por favor! 

ERR Gostaria de agradecer a movimentos espontâneos como o da A.C.I.M.A., Varal do Brasil e tantos outros; a entidades e pessoas que se preocupam e que estão trabalhando voluntariamente para divulgar e proteger nossa comunidade e propagar nossa cultura, seja no Brasil, ou no exterior. Essas pessoas estão sim fazendo a diferença. O meu muito obrigado!

 Rapidinhas:


ACIMA - Uma saudade?
ERR Família
ACIMA - Um sonho?
ERR Escrever em tempo integral.
ACIMA - Um lugar?
ERR Brasil
ACIMA - Uma música?
ERR Don’t let the sun go down on me.
ACIMA - Uma tristeza?
ERR Foram suplantadas pelas alegrias subsequentes.
ACIMA - Um barulho?
ERR O brado dos que não se subjugam às adversidades.
ACIMA - Um cheiro?
ERR O da comida da mamãe.
ACIMA - Doce ou salgado?
ERR Os dois.
ACIMA - Destino ou casualidade?
ERR Acredito que tudo seja casual, nada é predestinado.
ACIMA - Quente ou frio?
ERR Sou Pernambucano, adoro um calorzinho.
ACIMA - Seu hobby?
ERR Escrever.
ACIMA - Três coisas fundamentais para ser feliz?
ERR Família, amigos e realização profissional.
ACIMA - Comida preferida?
ERR Sushi.
ACIMA - O que ama?
ERR A família, os amigos e a natureza.
ACIMA - O que não ama?
ERR A injustiça.
ACIMA - Um livro?
ERR Dom Casmurro.
ACIMA - Um filme?
Let the right one in.
ACIMA - Uma frase de sua autoria?
ERR Na natureza a única regra existente é a da sobrevivência, o homem subverteu essa regra está no topo da cadeia alimentar.
ACIMA – Seu lema?
ERR Seguir em frente, independente de tudo.

ACIMA – Um agradecimento?

ERR Aos amigos e companheiros na luta diária, a Mariana Brasil e a A.C.I.M.A. pela oportunidade, muito obrigado.


Contato e-mail pessoal do autorevan@dekawriter.jp








ACIMA Evandro, muito obrigada por suas palavras e por compartilhar conosco detalhes de seu romance:    Não deixe o sol Brilhar em Mim...

Luz ... Sempre mais luz...











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