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mercoledì 16 maggio 2012

Entrevista Josane Mary Amorim





A A.C.I.M.A.” – Associação Cultural Internacional Mandala entrevista a escritora Josane Mary Amorim, residente na Holanda para a “Vitrine do Artista Brasileiro no Exterior”.

A “A.C.I.M.A.” – Associação Cultural Internacional Mandala está realizando o mapeamento dos artistas brasileiros residentes no exterior. Este projeto “Vitrine do Artista Brasileiro no Exterior” abraça a arte e a cultura dos povos migrantes em todas as suas formas e manifestaçõessejam elas, musicais, literárias, teatrais, artes plásticas, cinema, dança, fotografia, folclore, enfim, todas as expressões artísticas brasileiras.

A.C.I.M.A. – Primeiramente, gostaríamos de saber um pouco sobre você: de onde vem, qual sua terra natal? Onde vive atualmente e o motivo que te impulsionou a viver fora do Brasil?
Josane M. Amorim Nasci na capital secreta do mundo: Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo; terra de Rubem Braga e do Rei Roberto Carlos. Desde 2003 vivo na Holanda, na pacata Wezep junto com meu marido Michel Janssen, e meu cachorro Júpter.
Em 1995, aos 52 anos a minha mãe foi vítima fatal de um acidente automobilístico; no ano seguinte, meu único irmão, 27 anos na época, faleceu nos meus braços, vítima de um ataque cardíaco. Como nossa família era composta por nós três, senti-me sem chão. Por alguns anos administrei da melhor forma possível a minha realidade; porém, considerei que havia chegado a hora de buscar um sentido novo para minha vida. Resolvi então investir no meu desejo de estudar inglês na Harvard University-US. E foi exatamente assim que se deu: fechei meu escritório de advocacia, aluguei meu apartamento, vendi meu corsinha e fui atrás do meu sonho!
A.C.I.M.A. – Como foi sua adaptação nos EUA e sucessivamente na Holanda? Quais as maiores dificuldades que encontrou em cada um deles? As maiores alegrias? Contou com o apoio de alguma organização que apoia os imigrantes brasileiros?
Josane M. Amorim Minha adaptação nos EUA foi a mais magistral possível; contudo não contei com nenhuma ajuda de organização que apoia os imigrantes brasileiros; e a bem da verdade não procurei por nenhuma, pois naquela época nem pensei em tal regalia ou possibilidade. Estava decidida a fazer acontecer por mim mesma, sem depender de nada ou ninguém. Eu estava focada única e exclusivamente no meu sonho e foi necessário muita garra e determinação para realizá-lo. Comecei trabalhando como babá, faxineira, estoquista, e como presente de Deus, dentro de poucas semanas consegui trabalho na mais tradicional Gourmet Shop de Cambridge. Meu conhecimento na língua inglesa era básico na época, mas isso não me intimidou. Poucos meses passaram e quando chegou a época de me inscrever para o curso de verão na universidade, eu estava radiante pois tinha batalhado o dinheiro para fazê-lo. Eu não somente concluí aquele curso, mas também ganhei o primeiro prêmio no concurso literário “The Emanuel and Lilly Shinagel Essay Prize”, oferecido pela universidade. O prêmio foi uma bolsa de estudos integral para o semestre seguinte. Para resumir aqueles maravilhosos três anos, ganhei consecutivamente nos anos seguintes o mesmo primeiro prêmio. Tais feitos me encheram de muita alegria e orgulho, e foram a mola propulsora para que eu investisse na minha paixão por escrever.
Depois que terminei meus estudos na Harvard, mudei-me para Holanda, para viver com aquele que eu estava me relacionando [à distância], o meu marido atualmente. Minha adaptação na Holanda foi a princípio um tanto turbulenta, e minhas mais sinceras impressões sobre esse tema estão registradas no meu primeiro trabalho literário, o romance “Mevrouw Jane”. Considero-o um testemunho de mim mesma. 
 

A.C.I.M.A. Como e quando se dá o seu primeiro contato com a escrita? Sobre qual tema você escreve? De onde vem as inspirações para suas obras literárias?
Josane M. Amorim Sempre gostei de escrever, desde menina. Depois de adulta, enquanto advogada, trabalhava as minhas petições com esmero e certo tom literário, se fosse possível. Todavia, foi após a conquista consecutiva de três prêmios literários “The Emanuel and Lilly Shinagel Essay Prize”, oferecidos pela Harvard University-US, que minha paixão por escrever tomou um rumo efetivamente significante. Passei a escrever quase que diuturnamente, por puro prazer!
Mesmo me considerando um ‘marinheiro de poucas viagens no imenso mar do mundo literário’, desejo que uma diversidade infinita de temas me cative de alguma forma. O ideal é ser capaz de escrever sobre temas variados, principalmente quando seguimos a trilha da literatura-ficção, que é o meu caso. Creio que aí está o pulo do gato: ser capaz de escrever sobre tudo o que está aí, a olhos nus ou não, de forma simples e requintada simultaneamente, garantindo sempre um tom de originalidade. Por vezes, a inspiração só se apresenta quando estamos devotados ao processo de escrever.
Esforço-me para que meus trabalhos literários sejam frescos, autênticos, inteligentes, tortuosos e repletos de conhecimentos; onde cada página ofereça algo de humanidade, tensão, riso, surpresa, ou mesmo êxtase! Como foi quando escrevi ‘Mevrouw Jane’ - um romance baseado em fatos reais -, que é divertido, cheio de truques inteligentes, permitindo aos meus leitores viajar por tantas emoções apaixonantes.

A.C.I.M.A. – Qual foi a pessoa que primeiramente acreditou em seu talento? E qual outra linguagem da Arte tem o seu interesse?
Josane M. Amorim Só conseguimos vender o nosso peixe, quando também o compramos. Fui a primeira a acreditar na minha paixão por escrever; depois veio o gigantesco aval da Harvard University-US, através dos prêmios literários que lá conquistei. E anos depois, quando enviei o manuscrito de ‘Mevrouw Jane’ ao Dr. José Augusto Carvalho, que é Mestre em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas, e Doutor em Letras pela USP, ele me enviou email citando: “Acho que você entrou de pé direito na literatura.” Ao ler aquela frase daquele gigante na nossa língua portuguesa, eu celebrei!
Uma outra linguagem da arte que me fascina é cantar! Gosto demais!

A.C.I.M.A. Como divulga o seu trabalho? O que você acha que seria prioritário fazer para divulgar o trabalho dos artistas brasileiros que vivem no exterior?
Tão logo o manuscrito de ‘Mevrouw Jane’ ficou pronto para ser publicado, fiz o meu blog http://josanemary.wordpress.com/ e o divulguei na minha mídia social. Também enviei press realeases para todos os jornais [literalmente] no nosso território nacional. Foram semanas de intensa pesquisa para que eu tivesse os contatos que desejava. Ainda contatei inúmeras livrarias no Brasil. Investi no material promocional: book trailer, cartazes, pôsteres e cartões de visita. E seguindo o conselho da magistral agente literária Laura Bacellar coloquei a boca no trombone pois auto publicar significava fazer com que as vendas acontecessem, e que meu livro tivesse alguma exposição na mídia falada e escrita. Quando o lançamento aconteceu, contei com o apoio dos meus queridos amigos e da imprensa na minha cidade e no meu estado, ES. Segui colocando a boca no trombone e batalhando para disponibilizar o livro em diversas livrarias no território nacional e internacional; assim como participar de feiras e exposições. Neste particular, sinto-me extremamente honrada pela oportunidade ao participar do 26 Salon Internacional du Livre et de la Presse, em Genève; ainda neste ano de 2012 participarei de outros eventos literários de vulto: Semana Brasileira da Cultura, em Milão; e BIENAL Internacional do Livro, em São Paulo.
No meu blog, no tema Passo a Passo, cujo último é o de número VII, mantenho um registro da minha caminhada na estrada do auto publicar.
Prioritário seria que o governo brasileiro, através de suas embaixadas e consulados se esforçasse para apoiar mais, e sem delongas e burocracias. Tais entidades deveriam ter um interesse mais abrangente e eficaz para disponibilizar recursos, assim como os profissionais qualificados para mapear, desenvolver e divulgar todo a ajuda que pudesse ser oferecida aos trabalhos dos artistas brasileiros que vivem no exterior.  

A.C.I.M.A. – Como e porque nasceu a ideia de escrever o romance Mevrouw Jane e quais seus propósitos e novidades literárias para 2012?
Josane M. Amorim Meu objetivo foi não somente escrever um livro sobre as dificuldades ou os problemas que passei a vivenciar a partir do momento que vim morar na Holanda, mas sobre o processo e a efetiva superação deles. Por exemplo:
1)      os conflitos na educação de filhastros,
2)      a terapia de casal,
3)      Borderline Personality Disorder,
4)      solidão pela morte de minha família, perda do bebê.
Desejei escrever um romance baseado em fatos reais e que tivesse algo para oferecer. Eu me transportei para o futuro e escrevi sobre o meu passado. A maioria das memórias que Mevrouw Jane relata para Sofia são as minhas. São as vitórias ou os problemas que enfrentei ou ainda enfrento. Muitos deles, já praticamente superados, por exemplo: eu e a BPD. Desejei escrever um livro onde o bem triunfasse no final da história. E contar sobre a maturidade e candura dos 70 anos de vida de uma personagem como Mevrouw Jane foi absolutamente fascinante! Ela me ensinou tanto!
O ano de 2012 está me permitindo incríveis oportunidades. Como por exemplo participar do “Writer Studio” em Amsterdam. Trata-se de um projeto que existe desde 1987, e foi fundado nos USA, por Philip Schultz, ganhador do prêmio de literatura Pulitzer Prize-2008. As aulas acontecem na English Bookshop, e a nossa instrutora é também escritora, americana, e ocupa a cadeira de Literatura Inglesa numa universidade aqui na Holanda. Estou descobrindo e aprendendo técnicas e estilos objetivando dar mais contorno e estrutura à minha escrita. Somos dez na sala de aula; sou a única brasileira e com trabalho já publicado; há 2 canadenses, 1 australiana, 1 holandesa, 3 inglesas, 1 espanhola, 1 romena. Tudo fascinante demais!



A.C.I.M.A. – Que conselho daria à quem esta dando os primeiros passos no universo literário no exterior?
Josane M. Amorim Creio que não faz diferença se no exterior ou no território nacional. O importante é acreditar no próprio trabalho e não desistir; assim com aprimorar-se, manter-se bem informado. E obviamente não ser POSER, pois bonito é quando não fazemos da literatura um mero elemento de vaidade; quando usamos o nosso curriculum literário para ter uma relação calorosa com a palavra, enchê-la com beleza e vigor, e não para nos enfeitar.
Ter um trabalho literário de qualidade publicado requer dedicação e empenho. No mundo literário o preguiçoso só tem vez se for personagem de ficção. Um dos exemplos mais recentes disso é o da J.K. Rowley, autora de Harry Potter, que viu por anos o seu trabalho ser renegado por diversas editoras sem nenhum interesse em publicar as belas façanhas daquele seu bruxinho. Às vezes não é necessário somente escrever uma grande obra, é também necessário fazer com que seja publicada, demore o tempo que for!
Quando se trata de auto publicar a saga fica mais intensa e demanda não somente dedicação e empenho, mas investimento financeiro. Contudo, citando o Poeta Fernando Pessoa: ‘Tudo vale a pena quando a alma não é pequena.’.

A.C.I.M.A. – Você pretende (sonha) voltar a viver no Brasil? Qual sua opinião sobre o momento “economicamente feliz” que o Brasil está vivenciando atualmente? Segundo seu ponto de vista será duradouro?

Josane M. Amorim Certamente conto nos dedos a chegada desse glorioso dia! O plano é de dentro de alguns anos mudarmos para o Brasil, Vitória-ES, onde temos uma casinha muito aconchegante à beira mar.
Tem sido maravilhoso ler que a mídia internacional tem dado grande destaque a crescente economia brasileira. Sim, espero que esse crescimento seja ininterrupto; que todos nós [brasileiros ou não], nos beneficiemos de tudo isso. Nosso país saiu da 16ª colocação mundial em 1981 para 6ª em 2012, ultrapassando potências como Reino Unido, Espanha e Itália. Isso é maravilhoso! Com a descoberta do pré-sal nos posicionamos como o maior detentor de recursos naturais do mundo. Minhas esperanças são no sentido de que tenhamos condições de administrar essa posição com dignidade e sabedoria; e dito isso, faço da preocupação da opinião internacional a minha: como o nosso país aproveitará este potencial de crescimento para concretizar sua indústria e seus índices sociais?
Espero do fundo do meu coração verde-amarelo que o Sr. Alberto Ramos, economista para a América Latina da Goldman Sachs Group de Nova York, não tenha previsto o futuro de nosso país, ao dizer à Bloomberg:Eles podem se tornar a Noruega, ou ser como tantos outros países onde o petróleo não trouxe crescimento e desenvolvimento, è melhor agir com inteligência e tomar medidas projetando o futuro, senão isso [a extração de petróleo] pode prejudicar o país.

A.C.I.M.A. – Qual é o seu objetivo no momento? Se desejar deixe-nos uma mensagem por favor!
Josane M. Amorim VIVER O “AQUI  E AGORA” COM TODA INTENSIDADE QUE EU PUDER, FAZENDO E OFERECENDO O MEU MELHOR, E AGRADECENDO A DEUS POR CADA MINUTO DA JORNADA!

 
Rapidinhas:


ACIMA - Uma saudade? 
JMA - meus amados: mamãe e meu irmão!

ACIMA - Um sonho?
JMA - não diria sonho, mas um desejo: envelhecer com saúde e dignidade.

ACIMA - Um lugar?
JMA - qualquer um, desde que eu me sinta em casa! Porém o coração diz: Vitória, ES.

ACIMA - Uma música?
JMA - São tantas! "Love is stronger than pride", de Sade Adu ainda é a canção que mais me faz viajar...

ACIMA - Uma tristeza?
JMA - constatar que milhões ainda morrem de fome, inclusive de amor.

ACIMA - Um barulho?
JMA - bateção de porta; odeio!

ACIMA - Um cheiro?
JMA - feijão temperadinho na hora, com bastante alho! Hummm....

ACIMA - Doce ou salgado?
JMA - doce; já sentindo também saudade do salgado.

ACIMA - Destino ou casualidade?
JMA - destino

ACIMA - Quente ou frio?
JMA - quente e frio

ACIMA - Seu hobby?
JMA - jardinar, ler, e caminhar ao ar livre com meu cachorro.

ACIMA - Três coisas fundamentarias para ser feliz?
JMA - 1a. - Reconhecer que merecemos amor, respeito e apreciação. Dar motivos para receber tais emoções/valores. Nos oferecer tais emoções/valores. Nos esforçar para oferecê-las àqueles que nos cercam, independente do amadurecimento intelectual e espiritual de cada um.
          2a. - Reconhecer que felicidade não está lá fora, mas dentro de nós; nós é que temos que encontrá-la.
          3a. - Reconhecer que felicidade não está no passado nem no futuro, mas no aqui e agora.

ACIMA - Comida preferida?
JMA -  salada com vários tipos de folhas: alfaces, rúculas, espinafres, alfafas, figos secos e sementes de girassol tostada; pão de centeio e uma taça de vinho rosé.  

ACIMA - O que ama?
JMA - Definitivamente a Deus, a mim mesma, a minha família, os meus verdadeiros amigos, e a vida em si tão cheia de fantásticos desafios!

ACIMA - O que não ama?
JMA - não aprecio a indiferença, o egoísmo, a preguiça, a avareza.

ACIMA - Um livro?
JMA - LIFE OF PI, de Yann Martel.

ACIMA - Um filme?
JMA - São tantos! Contudo "The Ya-ya sisterhood" tem lugar especial na minha videoteca. 

ACIMA - Uma mensagem?
JMA - Quando objetivamos ser ajudado ou oferecer ajuda, se estamos centrados/focados, a nossa energia permanece forte, e a luz ao nosso redor fica brilhante.

Contato pessoal:            josaneamorim@gmail.com




Obrigada. Parabéns pelo seu trabalho! 

 


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